O Projeto


Geração AI-5 - Os Filhos da Dita é o nome do novo projeto do grupo de teatro Arlequins.

O início do projeto Geração AI-5 - Os Filhos da Dita vem de longa data... Começou a ser gestado em 2006, resultado em parte de anseios de nosso público por saber mais sobre esse período obscuro de nossa história recente (ditadura militar brasileira que durou 21 anos, 1964 / 1985) e vontade nossa de colocar o dedo nessa ferida... Da relação próxima que o Arlequins sempre teve com estudantes - seja fazendo espetáculos nas escolas ou convidando grupos de escolas para irem a teatros tradicionais - notamos o quanto os mais jovens mostram-se interessados por mais dados deste nosso passado tão recente, e ao mesmo tempo tão deixado de lado... Decidimos nos debruçar nessa temática.

(Arlequins: fundado em 1986)

 

"Quando lerem seus papéis
Pesquisando, dispostos às descobertas
(às contradições, inversões e surpresas)
Procurem o Velho e o Novo pois nosso tempo
E o tempo de nossos filhos
É o tempo das lutas do Novo com o Velho"
Bertolt Brecht

 

Geração AI-5 - Os Filhos da Dita vem da necessidade identificada em debates, palestras, conversas e leituras realizadas durante o processo de trabalho e temporada do último espetáculo do Arlequins, pra Não dizer que Não falei das Flores, em cartaz desde 2005, de procurar desvendar as mazelas da ditadura, com um olhar contemporâneo sobre o golpe militar de 1964: narrar a situação político/social de nosso país no período que antecedeu o golpe, o ambiente político no qual foi gestado, as circunstâncias como foi imposto e as conseqüências que ainda são sofridas nos dias de hoje.

Os acontecimentos da época mostram uma convulsão sociopolítica que mudou parâmetros no mundo. No Brasil, mesmo sob o ato institucional nº5 – o AI 5 - significou também um momento especial de confrontação e de transformação dos costumes e tradições que, muitos anos mais tarde, resultou na “derrota” da ditadura militar. 1968 foi o ano de grandes “revoluções” nas artes (teatro, música, literatura, cinema), nas universidades, nas organizações dos trabalhadores o que, de alguma maneira, deixou claro para os militares que a sociedade ainda estava viva, mesmo vivendo sob a pressão das prisões e torturas. Enfrentar os canhões, contestar o Vietnam e o Imperialismo Norte-Americano, patrocinador das ditaduras militares latino-americanas, as lutas pelos direitos elementares das mulheres, negros e homossexuais são momentos que colocaram para a sociedade e os cidadãos questões que não puderam mais ser ignoradas. E muitas delas, passado 40 anos, ainda incomodam e provocam reações como as do tipo tentar desqualificar esses movimentos e seus desdobramentos.

Revelar este período e permitir ao “indivíduo” sentir que é real o preceito de que é o Homem que constrói a sua história, e não fortalecer a afirmação que a História acabou e que vivemos no melhor dos mundos possíveis é nosso objetivo.

Esse projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, Pronac nº 08 7044.