quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os filhos da Dita em Lisboa

De 08 a 17 de dezembro, nós Arlequins estaremos em Lisboa, Portugal, onde apresentaremos o espetáculo "Os filhos da Dita", no dia 13 de dezembro, como parte da pesquisa de mestrado de Camila Scudeler, vinculada ao Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (CEPECA), da Universidade de São Paulo (USP).

O espetáculo "Os filhos da Dita", tem direção de Sérgio Santiago e elenco composto por Ana Maria Quintal e Camila Scudeler.

sábado, 10 de novembro de 2012

Os filhos da Dita na Mostra 10 anos da Lei de Fomento ao Teatro

Olá, Amigos...

Na Mostra 10 anos da Lei de Fomento ao Teatro, o Arlequins apresentará o espetáculo Os Filhos da Dita, no dia 24/11 (sábado) às 21h, na sede da Companhia do Feijão, Rua Teodoro Baima, 68 - República, São Paulo (SP).

ENTRADA GRATUITA

Direção: Sérgio Santiago, com Ana Maria Quintal e Camila Scudeler.


Em comemoração aos dez anos do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, o Movimento de Teatro de Grupos realizará a Mostra Fomento ao Teatro – 10 anos, nos dias 21, 22, 23 e 24 de novembro. A Mostra é composta de abertura com cortejo pela cidade, debates, baile popular e a apresentação de aproximadamente cem espetáculos. Serão quatro dias de intensa atividade cultural distribuída por vários locais da cidade e oferecida gratuitamente a toda população.

Confira a programação: http://fomento10anos.wordpress.com/programacao/programacao-24-11/

Contamos com sua presença !

Evoé !

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo

O livro “Marighella - O guerrilheiro  que incendiou o mundo", de Mário Magalhães, foi lançado ontem, em São Paulo, pela Editora Companhia das Letras.

Resultado de um trabalho de pesquisa de nove anos, a biografia percorre a vida, a obra e a militância de Carlos Marighella (1911-1969), que foi deputado federal, poeta e guerrilheiro durante a ditadura civil-militar no Brasil. Dentre as histórias narradas há passagens pela prisão, resistência à tortura, assaltos a bancos (e a um trem pagador) e tiroteios.

O texto reúne ainda documentos, como uma carta enviada pelo guerrilheiro ao  líder cubano Fidel Castro, datada de 1966, e uma correspondência de Miguel Arraes, ex-governador pernambucano, cassado e exilado pelos militares, a Marighella em 1967.

Serviço:

“Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo"

Autor: Mário Magalhães
Editora Companhia das Letras, 2012
Páginas: 744

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

VI Mostra de Recortes Espetaculares do Cepeca

A Mostra de Recortes Espetaculares do Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (ECA/USP) já se tornou tradição. Neste ano ela será realizada em parceria com a Faculdade Paulista de Artes. Dividida em três dias - 20, 22 e 23 de outubro, o primeiro encontro será composto por quatro apresentações orais de processos desenvolvidos no Centro. Nos outros dois encontros haverá apresentação prática de processos.

Amanhã, à partir das 13:30, nossa atriz Arlequins - Camila Scudeler, apresentará procedimentos que desenvolveu para a criação como atriz no espetáculo "Os filhos da Dita" tendo como estímulo principal a poética desenvolvida pelo encenador russo V. Meyerhold.

Maiores informações em http://www.eca.usp.br/cepeca/

MOSTRA CEPECA (ECA - USP) FACULDADE PAULISTA DE ARTES
Espaço Cultural Prof. Luis Rogério Telles Scaglione
Sábado - 20 de outubro - 13h 30

PARA QUEM GOSTA DE EXPERIMENTOS CÊNICOS!

Não percam! Começa amanhã!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Documentos comprovam que Jango era monitorado pela Operação Condor

por Agência Brasil
 
Deposto pelo golpe militar em 1964, o ex-presidente João Goulart, o Jango, exilou-se com a família no Uruguai e, depois, na Argentina. No entanto, mesmo depois de retirado da Presidência da República, continuou sendo alvo do regime militar. Fotos e documentos exclusivos do Arquivo Nacional, obtidos pela TV Brasil, mostram que João Goulart era vigiado pelos militares, inclusive em momentos privados, como durante a festa de aniversário em que comemorou 55 anos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CNV divulga lista de vítimas da ditadura cujas mortes serão investigadas

por Caros Amigos

Início das investigações ocorre em outubro e relatório final deve ser concluído em 2014


A Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou lista de 140 nomes de vítimas da ditadura militar no Estado de São Paulo que serão temas de dossiês a serem elaborados a partir das investigações dos crimes cometidos na época (confira aqui). A CNV atuará em conjunto com a Comissão da Verdade paulista, que já investiga crimes da ditadura, entre eles, os corpos localizados em valas nos cemitérios de Perus, Vila Formosa e Parelheiros, descobertos no início dos anos de 1990.

Justiça determina mudança em atestado de óbito de Vladimir Herzog

por Folha Vitória

Atendendo a pedido da Comissão Nacional da Verdade, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou na segunda-feira, 24, a retificação do atestado de óbito de Vladimir Herzog. Pela determinação judicial, daqui para a frente constará que a morte do jornalista "decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2º Exército-SP".

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Essas pessoas na sala de jantar…

por Matheus Pichonelli

As portas se abriram e uma luz incômoda invadiu a sala. Os créditos se esgotavam na tela e ainda assim demorou um bom tempo para alguém finalmente tomar a iniciativa de se levantar, colocar o pé fora da sessão e retomar a rotina. Como? Nos últimos 82 minutos, assistíamos à exposição de um Brasil que conhecíamos pelos livros, pelos relatos, por flashes, músicas e memórias. Um Brasil que, após Tropicália, filme de Marcelo Machado, parecia ganhar um rosto menos disforme.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Filme Verdades Verdaderas, no Memorial da Resistência de São Paulo

Dia 15 de setembro, sábado, às 14h, no Memorial da Resistência de São Paulo, na programação do Cinema da Resistência, será exibido o filme Verdades Verdaderas, la vida de Estela, seguido de debate com Estela Carlotto (presidenta da Associação Civil Avós da Praça de Maio, da Argentina), e Maurice Politi (diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política). Este programa conta com o apoio do Consulado Geral da Argentina em São Paulo.

Sinopse:

Em 1976, sob o pretexto da reorganização nacional, do combate à subversão e à perseguição ao perigo comunista, um golpe de estado derrubou o governo argentino, instaurando o “Processo de Reorganização Nacional”, nome pelo qual ficou conhecida a Ditadura Militar Argentina. O país passou a vivenciar o Terrorismo de Estado e contabilizou o assassinato de aproximadamente 30.000 cidadãos de diferentes idades e classes sociais, além de sequestros de crianças.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Comissão da Verdade quer novo atestado de óbito para Herzog

A versão oficial diz que o jornalista se suicidou em sua cela em São Paulo em 1975, mas a família exige o reconhecimento de sua morte por militares durante a ditadura

por José Cruz/Abr

A Comissão da Verdade solicitou à Justiça quinta-feira, 30, que retifique o atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, que segundo a versão oficial se suicidou em sua cela em São Paulo em 1975.

Por pedido da família, a comissão solicitou que no documento conste como causa da morte "lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do 2º Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi)" e não por asfixia mecânica, como consta do atual atestado de óbito.

A solicitação foi aprovada por unanimidade pelos membros da comissão, que anexou ainda documentos de ações judiciais interpostas anteriormente pela família nos quais é refutada a teoria do suicídio.

Justiça abre primeiro processo por crimes da ditadura

Denúncia do MPF contra Sebastião Curió e Lício Maciel foi aceita em Marabá (PA)

por Caros Amigos


A Justiça Federal do Pará, em Marabá, abriu o primeiro processo contra militares envolvidos em crimes da ditadura. A juíza federal Nair Pimenta de Castro, da 2ª Vara da Subseção de Marabá acatou denúncia do Ministério Público Federal e abriu procedimento contra o coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura e o major Lício Augusto Maciel, ambos na reserva do Exército. Caso não haja reforma na decisão, os dois serão os primeiros a responderem por crimes da ditadura - sequestro praticado contra opositores do regime na Guerrilha do Araguaia.

Livro resgata história da vala clandestina de Perus

Lançamento ocorrerá na terça-feira (04), na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo

da redação Brasil de Fato

Será lançado na terça-feira (04), na capital paulista, o livro “Vala Clandestina de Perus - desaparecidos políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira”.

A publicação relembra a abertura da vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em 1990, de onde foram retiradas 1049 ossadas não identificadas. A ação possibilitou o início de uma série de investigações, que puderam desvendar à sociedade, pela primeira vez, as atrocidades da ditadura civil-militar.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Justiça de São Paulo nega recurso de Ustra contra sentença que o declara torturador

Por 3 votos a zero,Tribunal de Justica de SP mantém condenação que declara Brilhante Ustra culpado pela tortura de três integrantes da família Teles

por Igor Ojeda

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou nesta terça-feira (14), por três votos a zero, o recurso do coronel reformado do Exército Carlos Brilhante Ustra contra a sentença, de outubro de 2008, que o declarou responsável pela tortura de três integrantes da família Teles nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), órgão de repressão da ditadura então comandado pelo réu.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Qual a sua tarefa histórica?

Nada mais poderoso que a força de uma ideia cujo tempo chegou

por Sandra Helena de Souza

No último dia 2, o secretário Nacional de Justiça, presidente da Comissão Nacional de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, ministrou aula inaugural do semestre letivo do Centro de Ciências Jurídicas na Universidade de Fortaleza (Unifor), evento que constou da programação oficial da 60ª Caravana da Anistia que visitou Fortaleza pela segunda vez.

Para uma plateia numerosa de estudantes e ‘operadores’ do Direito, propôs um desafio à juventude: “qual a tarefa histórica que o tempo atual lhes delega?” Para ele, dentro do bom e velho espírito iluminista, nada há de mais reprovável que uma geração que desconhece as tarefas que a história lhe reservou, pois ela queda aquém de suas possibilidades e retarda um processo que só depende dela mesma.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ditadura assassinou mais de mil

por Celso Lungaretti

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República efetuou um estudo no sentido de definir com maior precisão quais os cidadãos brasileiros que foram assassinados pela ditadura militar. O número geralmente admitido, de 426 mortos e desaparecidos políticos (o que dá no mesmo: desapareceram da face da Terra), foi apurado quase apenas no universo restrito de militantes pertencentes aos principais partidos e organizações de esquerda, sobre os quais se têm mais informações.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Arlequins agradece !!!


Agradecemos a todos que nos deram força para a realização da apresentação do espetáculo "Os filhos da Dita" no XXXI ENEH - Encontro Nacional de Estudantes de História, que este ano ocorre na Unifesp, campus Guarulhos, de 14 a 21 de Julho.

A apresentação foi no CEU Pimentas, no dia 15 de Julho, domingo.

Agradecemos pelo convite para fazermos parte deste importante evento, aos organizadores do XXXI ENEH, a equipe do CEU Pimentas, o pessoal da Unifesp/Guarulhos e um obrigado especial a todos que disponibilizaram tempo para assistirem ao nosso espetáculo e aos que generosamente dedicaram ainda mais tempo para tecerem suas valiosas impressões sobre o nosso trabalho.

A todos vocês nosso imenso carinho e nossos aplausos.

Evoé !!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Os filhos da Dita no XXXI ENEH - Encontro Nacional de Estudantes de História


Conforme tem sido consolidado como tradição nos outros Encontros Nacionais de Estudantes de História, durante o XXXI ENEH ocorrerão intervenções artísticas e apresentações de diversos grupos musicais, bandas, coletivos teatrais e de dança que contribuíram nas discussões sobre a cultura e demais reflexões políticas do encontro.

Neste XXXI ENEH, o espetáculo de teatro "Os filhos da Dita" foi convidado e a apresentação será no CEU Pimentas, no dia 15 de Julho, domingo, às 15 h, a entrada é gratuita. O endereço é Estrada do Caminho Velho, 333 (ao lado da Unifesp), Guarulhos.

Defendendo que esses espaços destinados às manifestações culturais sejam apropriados pelos estudantes para que se tornem ambientes privilegiados para o debate a respeito de temas como a mercantilização e a falta de incentivos para a cultura. Esse espaço também é essencial para debater a valorização e modos de coação da cultura popular entendida como resistência cultural, seja durante o período de Ditadura Civil-Militar, seja em outros contextos históricos de práticas autoritárias de governos ditos democráticos. Além disso, se propõem estes momentos para a discussão da cultura e da arte como fortes elementos relacionados às lutas contra o racismo, machismo, homofobia, por meio da dinâmica própria de cada forma de manifestação artística seja ela música, dança, teatro, saraus literários, grafite entre muitas outras.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Comissão da Verdade da USP propõe esclarecer violações promovidas pela Universidade

Confira o depoimento da professora Marilena Chauí sobre o que foi viver na Universidade sob a intervenção da ditadura militar

A campanha pela instalação de uma Comissão da Verdade da Universidade de São Paulo (USP) começa a ganhar corpo e conta com apoios de peso. A Comissão  propõe esclarecer graves violações de direitos humanos promovidas pela  USP entre 1964 a 1985 contra professores, funcionários e estudantes considerados “subversivos” e contrários ao regime militar.

Lançada no dia 12 deste mês, com a participação de mais de 500 pessoas no campus Butantã, a Comissão da Verdade da USP tem o apoio de professores notáveis como Fábio Konder Comparato e Jorge Luiz Souto Maior, da Faculdade de Direito; Paul Singer, da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade; e Marilena Chauí, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Governo quer incluir 370 camponeses na lista de vítimas da ditadura

Além dos 370 já catalogados pela pesquisa como vítimas do regime, há outros 488 casos em que não há informações suficientes para que seja feita a caracterização como tal

por Najla Passos


O governo quer incluir pelo menos 370 camponeses, assassinados entre 1961 e 1988, na lista oficial de mortos e desaparecidos da ditadura militar. São principalmente sindicalistas e lideranças de lutas coletivas que tombaram em decorrência da política repressora dos militares. Segundo o coordenador do Projeto Memória e Verdade da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Gilney Viana, a invisibilidade dos trabalhadores rurais é tão grande que eles foram alijados, até mesmo, das leis da Anistia, de 1979, e da Comissão de Mortos e Desaparecidos, de 1995, criadas para reparar a violência cometida pelos agentes de estado durante o regime. “Esses camponeses são os desaparecidos dos desaparecidos”, afirma.

Eventos em SP lembram 75 anos do nascimento de Vladimir Herzog

A largada foi dada nesta quinta-feira, com a abertura de uma mostra de documentários políticos latino-americanos

por Camila Moraes

Os processos formais ligados à restauração da memória e ao direito à justiça, nos países latino-americanos que viveram décadas de ditadura, demoraram bastante a se estabelecer. É o caso do Brasil, que só em 2012, longos anos após a queda do poder ditatorial, vê estampadas com maior frequência na imprensa nacional manchetes sobre as chamadas Comissões da Verdade.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Discurso de Dilma Rousseff na cerimônia de instalação da Comissão da Verdade

Senhoras e senhores,

Eu queria iniciar citando o deputado Ulisses Guimarães que, se vivesse ainda, certamente, ocuparia um lugar de honra nessa solenidade.

O senhor diretas, como aprendemos a reverenciá-lo, disse uma vez: “a verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem. A verdade não mereceria este nome se morresse quando censurada.” A verdade, de fato, não morre por ter sido escondida. Nas sombras somos todos privados da verdade, mas não é justo que continuemos apartados dela à luz do dia.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Uma longa viagem, de Lúcia Murat

Amanhã, sábado, 5, o Memorial da Resistência de São Paulo realiza a pré-estreia e debate de "Uma longa viagem", um filme dirigido por Lúcia Murat. O filme acompanha a história de três irmãos, com a linha dramática conduzida pela trajetória do caçula que vai para Londres, em 1969, enviado pela família, para não entrar na luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã. Durante os nove anos em que viaja pelo mundo, ele escreve cartas. O documentário apresenta cronologicamente algumas dessas cartas, entrecortado por entrevistas com o irmão. Os comentários em off da irmã, presa política que virou cineasta e viaja pelo mundo, diferentemente do irmão, obrigado a enfrentar diversos problemas em suas viagens, fazem um contraponto à entrevista e às cartas.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Kucinski: incinerar corpos é um método nazista

Desaparecidos políticos: incinerados em forno de usina de açúcar

Em "Memórias de uma guerra suja", um depoimento a Rogério Medeiros e Marcelo Netto, o ex-delegado Cláudio Guerra, do DOPS afirma que 11 desaparecidos políticos brasileiros foram reduzidos a cinzas em 1973 num imenso forno da Usina Cambahyba, localizada no município fluminense de Campos. Seu proprietário, um anti-comunista radical, Heli Ribeiro, era amigo pessoal de Guerra.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Justiça reconhece: João Batista Franco Drummond morreu sob tortura no Doi-Codi

Em decisão inédita, o juiz Guilherme Madeira Dezem, da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo determinou a retificação do assentamento de óbito de João Batista Franco Drummond, lavrado em 16 de outubro de 1976, alterando o local da morte, "avenida 9 de julho" para dependências do “Doi Codi do II Exército em São Paulo”.

por Christiane Marcondes

A causa da morte também foi alterada: de traumatismo craniano para “decorrência de torturas físicas”. O advogado Egmar José de Oliveira não esconde a alegria ao afirmar que a sentença representa um avanço: “O fundamento que o juiz utilizou para chegar à decisão é de natureza política. É uma inovação”, declarou.

Para o Dr. Marcelo Semer, juiz de direito em São Paulo e escritor, "a sentença proferida será certamente um paradigma".

quinta-feira, 12 de abril de 2012

“Intelectuais têm pavor de revolução”

Para Iná Camargo, quando um mero intelectual diz que o projeto socialista está fora de pauta, ele está simplesmente expressando seu mais profundo desejo que nunca entre mesmo na pauta

por Jade Percassi

Sábado resistente abordará os 40 anos da Guerrilha do Araguaia

No dia 14, acontecerá o Sábado Resistente sobre os 40 anos da Guerrilha do Araguaia no Memorial da Resistência de São Paulo, às 14h. O encontro reúne interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial a resistência à ditadura civil-militar implantada com o golpe de Estado de 1964.

Neste sábado, participarão do debate a coordenadora do Memorial da Resistência, Kátia Felipini; Ivan Seixas, do Núcleo de Preservação da Memória Política; o professor da Universidade Federal de Goiás e autor do livro Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas, Romualdo Pessoa Campos Filho; o procurador da República em Ribeirão Preto e integrante do Grupo Direito à Memória e à Verdade do Ministério Público Federal, Andrey Borges de Mendonça; e o secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão.

sábado, 31 de março de 2012

Nada de festa: 64 foi golpe !

por Juliana Sada

Neste fim de semana completam-se 48 anos do golpe militar de 64. Diferentemente de outros anos, os militares já não falam sozinhos. E os ânimos estão exaltados. Militares reformados vieram a público deslegitimar o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, e marcaram “festas” e atos para comemorar o golpe. Em declarações à imprensa, escancaram a verdadeira motivação: a insatisfação com a criação da Comissão da Verdade, que ainda não tem seus membros definidos e nem data para início de funcionamento.

Do outro lado, a sociedade organizada e movimentos de direitos humanos vão às ruas denunciar os torturadores e militares golpistas. Não deixam que comemorem o golpe em paz e impunemente. A possibilidade de investigação de crimes da ditadura é uma realidade próxima, mas que ainda tem que ser defendida para que de fato ocorra.

Brasil é denunciado na OEA por assassinato de Vladimir Herzog

País terá, agora, cerca de dois meses para se defender; processo pode ainda ser enviado para a Corte Interamericana de Direitos Humanos

da redação Brasil de Fato

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), abriu oficialmente um processo para investigar a não-punição dos responsáveis pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975. As autoridades brasileiras foram notificadas na segunda-feira (26).

A denúncia foi apresentada pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), pela Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FIDDH), Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Nossa homenagem a Millôr Fernandes

Reflexão Sobre a Reflexão

Terrível é o pensar.
Eu penso tanto
E me canso tanto com meu pensamento
Que às vezes penso em não pensar jamais.
Mas isto requer ser bem pensado
Pois se penso demais
Acabo despensando tudo que pensava antes
E se não penso
Fico pensando nisso o tempo todo.

Millôr Fernandes

quarta-feira, 28 de março de 2012

Exposição retrata 100 anos de Apolonio de Carvalho

A abertura será no sábado (31) e terá o lançamento de um livro e a apresentação de um documentário sobre o revolucionário

No sábado (31), acontecerá a abertura da exposição “Apolonio de Carvalho – A trajetória de um libertário”, às 13h no Memorial da Resistência de São Paulo. A exposição ficará na capital paulista até o dia 1º de julho.

Familiares e amigos de Apolonio de Carvalho estarão presentes na abertura da exposição e participarão de uma conversa sobre a trajetória do revolucionário que combateu pelas liberdades democráticas e conquistas sociais.

Na abertura, haverá, às 15h, o lançamento do livro “Uma vida de lutas”, escrito pela esposa de Apolonio de Carvalho, Renée France de Carvalho. Além da exibição do documentário “Vale a Pena Sonhar”, de Stela Grisotti e Rudi Böhm, às 16h.

Cordão da Mentira desfila pelas ruas de São Paulo

Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas, Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira.

Será realizado neste domingo (1º), em São Paulo, o desfile do Cordão da Mentira. Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas de diversos grupos e escolas da capital paulista, o Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira.

O desfile ocorrerá no Dia da Mentira e do Golpe Militar de 1964. A concentração será às 11h30, na frente do Cemitério da Consolação.

quinta-feira, 15 de março de 2012

MPF ajuíza 1ª ação da história do país contra agente da ditadura

por Najla Passos

O Ministério Público Federal (MPF) ingressou ontem (quarta, 14), com a primeira ação penal da história do país contra um militar acusado de praticar crimes durante a ditadura. O denunciado é um dos carrascos mais odiados por torturados, familiares dos desaparecidos políticos e militantes dos direitos humanos: o coronel da reserva do Exército, Sebastião Curió Rodrigues, comandante da última ação de repressão à Guerrilha do Araguaia, a chamada Operação Marajoara, deflagrada em outubro de 1973.

Na denúncia, apresentada à Justiça Federal de Marabá (PA), Curió é acusado de seqüestro qualificado dos guerrilheiros Maria Célia Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado (Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia), ocorridos entre janeiro e setembro de 1974. Conforme depoimentos e informações colhidas pelo MPF, todos eles foram capturados pelas tropas comandadas pelo então major Curió, presos em bases do Exército e submetidos à tortura. E nunca mais foram encontrados.

Atividades homenageiam Augusto Boal e Teatro do Oprimido

Dramaturgo completaria 81 anos nesta sexta-feira (16)

da redação de Brasil de Fato

Diversas atividades celebrarão, a partir desta sexta-feira (16), o Dia Mundial do Teatro do Oprimido. A escolha da data é uma homenagem ao criador do Teatro do Oprimido, o carioca Augusto Boal, que completaria 81 anos em 2012.

Nascido em 16 de março de 1931, o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta dedicou a vida e obra em favor das lutas sociais. Baseadas em uma estética preocupada com as questões políticas e sociais, as técnicas e práticas do dramaturgo foram difundidas em todo o mundo.

segunda-feira, 12 de março de 2012

General duvida que Dilma tenha sido torturada na ditadura

Trechos da entrevista do general Luiz Eduardo Rocha Paiva por Miriam Leitão.

Por que o senhor é contra a Comissão da Verdade?

Eu sou contra a Comissão da Verdade, agora não adianta ser contra. Ela vai existir. Era contra no momento em que ela pretende apurar a memória histórica do país. Isso é trabalho para pesquisadores e para historiadores e não para uma comissão, que eu vejo como uma comissão chapa branca. Ela busca a reconciliação nacional depois de 30 anos, e não há mais cisão nenhuma, que tenha ficado do regime militar, inclusive porque as Forças Armadas são instituições da mais alta credibilidade no país. Então, não vejo a necessidade. Acho que se há alguma coisa a investigar é só usar a Policia Federal e, com vontade política, a presidente tem autoridade pra ir até onde ela quiser, respeitada a Lei de Anistia. Eu fiz uma análise da lei da Comissão Nacional da Verdade. E eu vejo que essa lei não é imparcial. Esse facciosismo e o provável maniqueísmo do seu relatório a gente pode ver a partir dos objetivos.

"Repare bem" mostra resistência de três gerações de mulheres à ditadura

Documentário produzido por cineasta portuguesa mostra a luta feminina durante o período militar

por Suzana Vier

Encarnación, Denise e Eduarda. Três mulheres fortes, da mesma família, símbolos da resistência feminina à ditadura dão voz, corpo e alma ao documentário “Repare Bem”, exibido na última semana na Cinemateca Brasileira, na capital paulista. “A mulher é esse ser capaz de lutar, resistir e transformar a vida para depois prosseguir. Não é só na ditadura, é em todas as dificuldades da vida”, enfatizou Denise Crispim, depois de receber o certificado de anistiada política brasileira – junto com a filha Eduarda.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A resistência parlamentar à ditadura

A ditadura civil-militar, instalada no Brasil a partir de abril de 1964, fez questão de manter a aparência de democracia. Com o parlamento funcionando, apesar de algumas interrupções, havia a impressão de liberdade política no país. No entanto, as forças agrupadas em favor do retorno à democracia insistiam em dar demonstrações ostensivas da existência de um regime autoritário e de uma luta contra a ditadura. Cassações, prisões, torturas e assassinatos conviviam ao lado de uma aparente normalidade, uma vez que a ditadura insistia em negar a existência de presos políticos e afirmava que os desaparecidos nunca foram presos e nem estavam em seu poder.

O humanista Apolônio de Carvalho

A trajetória do revolucionário que combateu pelas liberdades democráticas e conquistas sociais.

“Quem passa pela vida e não tem nenhum horizonte definido, nenhum ideal que possa e queira lutar, está sujeito à mediocridade”.

por Aline Scarso

O preso político Newton Leão Duarte conta no livro 68: a geração que queria mudar o mundo: relatos um fato extraordinário presenciado em 1970, quando estava encarcerado no Prédio de Investigações Criminais (PIC) do 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro (RJ). Na ante sala da sua cela, pela primeira vez pode observar um preso enfrentando os torturadores, que o obrigavam a tirar a roupa para iniciar a sessão de abusos.

Começou-se uma luta corporal e aos gritos o tenente inquisitor chamava os cabos de guarda para ajudá-lo. “Com a chegada dos reforços, o recalcitrante, que insistia em não se submeter ao capricho dos carrascos, foi dominado e fez-se silêncio”. Depois disso, Duarte diz que pode observar o preso lutador: “Vi um homem de meia idade, deitado com a barriga para baixo, as mãos e pés amarrados às costas, o corpo marcado pelos sinais da luta, maltrapilho, porém, vitorioso porque vestido!”, conta.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Perseguidos pela ditadura recebem reparação do Estado

Comissão da Anistia julgou 23 processos movidos por filhos e familiares

por Caros Amigos

Dificuldades em adaptação, prejuízos escolares e com a língua, falta de integração ao voltar para o Brasil e até acusação de terrorismo foram alguns dos relatos ouvidos na última sessão de julgamento da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Durante a quinta-feira (2), foram julgados 23 processos de filhos e familiares de perseguidos durante a ditadura. À época, quase todos eram crianças e foram forçados a viver no exílio com seus familiares. Todos os processos foram deferidos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Silvaldo Leung Vieira, o fotógrafo do corpo de Herzog

por Lucas Ferraz

A foto de Vladimir Herzog morto nas dependências do DOI-Codi em outubro de 1975 tornou-se um símbolo da repressão promovida pela ditadura (1964-85). A tentativa falhada de simular o suicídio do jornalista enfraqueceu a linha dura. Pela primeira vez, o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira fala à imprensa.

Henri Cartier-Bresson, fundador da mítica agência Magnum e mestre francês da fotografia, definiu num célebre ensaio de 1952 a arte do fotógrafo como a capacidade de captar um instante decisivo, para o qual deve estar alerta.

"Enquanto trabalhamos, precisamos ter certeza de que não deixamos nenhum buraco, de que exprimimos tudo; depois será tarde demais, e não haverá como retomar o acontecimento às avessas", escreveu ele.

O instante decisivo na vida do fotógrafo santista Silvaldo Leung Vieira foi também um instante decisivo para a vida política brasileira. Aluno do curso de fotografia da Polícia Civil de São Paulo, Silvaldo fez em 25 de outubro de 1975, aos 22 anos, a mais importante imagem da história do Brasil naquela década: a foto do corpo do jornalista Vladimir Herzog, pendurado por uma corda no pescoço, numa cela de um dos principais órgãos da repressão, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna).

Publicada na imprensa, a imagem corroborou a tese de que o "suicídio" de Herzog era uma farsa. No mesmo local, três meses depois, o mesmo fotógrafo testemunharia a morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho. Assassinado sob tortura, ele também foi apresentado pelo regime como "suicida".

Historiadores são unânimes: ambas as mortes foram decisivas para mudar os rumos da ditadura.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vídeo conta por meio de depoimentos e imagens as ações violentas da PM no Pinheirinho

Vídeo retrata a ação violenta da Polícia Militar e o desespero de moradores durante a reintegração de posse realizada na ocupação do Pinheirinho, no dia 22 de janeiro, em São José dos Campos, interior de São Paulo. As imagens provam o uso de balas de borracha e gás lacrimogêneo contra a população como também o manuseio de armas de fogo por parte da Corporação. Segundo nota da PM, toda ação foi feita com respeito incondicional aos direitos humanos. Os desvios, segundo eles, serão apurados.

O Pinheirinho é do povo! Crônicas do terrorismo do Estado.



Leia também o manifesto apresentado pelos diretores do filme "Trabalhar Cansa" durante premiação com presença do governador.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Lugares da Memória: Resistência e Repressão em São Paulo

A ditadura militar que assolou o país nas décadas de 60 e 70 é exposta e denunciada na mostra "Lugares da Memória - Resistência e Repressão em São Paulo", em cartaz no Memorial da Resistência até março.

O Brasil teve, ao longo do século XX, ditaduras que perseguiram, prenderam e torturaram milhares de cidadãos que ousaram lutar contra o autoritarismo e as desigualdades sociais.

Em inúmeros lugares habitam as memórias das ações de controle, repressão e resistência políticas no Brasil durante os dois regimes autoritários - o Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985), e em períodos de democracia: presídios, praças, sindicatos, hospícios, campos de aprisionamento, igrejas, ruas, teatros, entre tantos, guardam a memória de atrocidades, lutas e conquistas, de maus tratos e solidariedade. E cabe a nós, agora, dar um sentido a esses lugares.

Por que e como se tornaram espaços de repressão ou campos da resistência? As histórias desses lugares estão nos trabalhos de pesquisadores, em matérias de jornais, em documentários, em documentos e fotografias de arquivos e, especialmente, na memória de cidadãos que, pela ação ou por herança, conhecem esses lugares.

Suportes de informação, são potenciais instrumentos de educação para a cidadania. Cabe a nós, então, despertá-los.

Memorial da Resistência de São Paulo
Largo General Osório, 66 - São Paulo/SP
Tel. 55 11 3335-4990.
Terça-feira a domingo, das 10h às 18h

http://www.memorialdaresistenciasp.org.br./index.php?option=com_content&view=article&id=36&Itemid=27

Elis Regina: sintese da MPB nos anos 1960 e 1970

por Bruno Yutaka Saito

Cantora "vivenciou todas as etapas do processo de legitimação da música brasileira", segundo tese de Rafaela Lunardi.

Era comum encontrar pelos muros de cidades brasileiras a pichação “Elis Vive”. A morte da cantora, então no auge, aos 36 anos, em 19 de janeiro de 1982, fora tão inesperada, que deixou fãs inconformados. Trinta anos depois, Elis vive como referência incontornável para quem faz, pensa ou ouve música brasileira. Na celebração da data, CDs com shows na íntegra, a nova edição de uma biografia e um estudo lançam novas luzes sobre a cantora.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

As palavras e as coisas: sobre as ditaduras

por Emir Sader

O flagrante dos otavinhos ao ter chamado a ditadura militar de “ditabranda” se repete no Chile. O governo neo-pinochetista de Sebastian Piñera aprovou no Congresso a substituição de ditadura militar por “governo militar” nos textos escolares e o de Pinochet de general e não de ditador. A trama fracassou lá também, mas deixa lições.

Que importância tem chamar as coisas pelos seus nomes? Dizer que ditadura foi ditadura e não ditabranda ou governo militar ou “regime autoritário” (como o chama FHC em suas análises)?

Chamar ditadura de ditadura é dizer que é o oposto de democracia. Dizer que se tratou de uma ditadura militar, quer dizer que as FFAA, como instituição, violaram as atribuições constitucionais, e assumiram o poder do Estado.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

“O Brasil é afetivo, encantador, violento e tenebroso”

Para Maria Rita Kehl, o importante é que quem está se mobilizando tenha inteligência política suficiente para saber que pontos políticos podem mobilizar.

por Áurea Lopes

Dois pesos: a psicanálise e o jornalismo. Foi a partir dessa parruda união de forças e percepções que Maria Rita Kehl produziu as crônicas de sua mais recente obra, entre muitos escritos em outros livros e jornais – incluindo o artigo que resultou na escandalosa suspensão de sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo por ter defendido políticas do governo Lula, quando o jornal (que faz campanha contra a censura) apoiava o candidato à presidência José Serra.

Eu até gostaria de fazer crônicas mais literárias, mas os temas da atualidade acabam me roubando... e é pra isso que eu vou”, diz a intelectual, que nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato fala sobre “as dores do Brasil”, eixo agregador dos temas abordados em "18 crônicas e mais algumas", publicação da Boitempo Editorial lançada no final do ano passado.

Indignada com o descaso dos governos e a indiferença da população diante das mazelas sociais (“restos não resolvidos de 300 anos de escravidão”), Maria Rita fala sobre o engajamento dos jovens nas lutas populares (“ainda é pouco”), a violência policial (“resultado de uma ditadura que termina impune”) e afirma que os recursos para aplacar as dores do país estão na militância: “É hora de fazer política”.