sexta-feira, 29 de julho de 2011

O julgamento de Ustra: a memória contra o extermínio

por Passa Palavra

O esquecimento do passado une-se à política do “medo” e da “segurança” para dar continuidade à violência institucional e à “engenharia do extermínio dos pobres”.

Na tarde de 27 de julho, deu-se início ao julgamento do processo civil que a família do jornalista Luiz Eduardo Merlino move contra o coronel reformado do Exército Brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra. Foi a vez de 6 testemunhas de acusação prestarem seus depoimentos no Fórum (Palácio de Justiça) João Mendes, na capital de São Paulo.

Todas as declarações das testemunhas convocadas confirmaram a tese de que Ustra era a autoridade que ordenava os interrogatórios e o início das torturas que aconteciam nos porões (caves) do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão da ditadura civil-militar de que foi comandante entre outubro de 1969 e dezembro de 1973. Paulo Vannuchi e Leane Ferreira de Almeida, dois dos depoentes, disseram que Ustra participava pessoalmente das sessões de tortura que conduzia.

terça-feira, 26 de julho de 2011

MTC ocupa a Funarte



Ontem, segunda-feira, 25, o MTC - Movimento de Trabalhadores da Cultura ocupou o prédio da Funarte em São Paulo. A ocupação não tem prazo para terminar e está aberta a todos que quiserem participar e apoiar o movimento.


300 artistas e simpatizantes unidos por um objetivo comum e reunidos em plenária, discutem os próximos passos do movimento.

domingo, 24 de julho de 2011

Militarização

fragmentos do artigo de Gabriela Moncau

Tiraram-nos a justiça e deixaram-nos as leis”. A frase é do escritor uruguaio Eduardo Galeano e foi citada pelo professor de jornalismo da PUC-SP, Silvio Mieli, para sintetizar a paradoxal sensação de injustiça e desigualdade, combinada com um sistema cada vez mais forte de repressão e militarização no Brasil, como o uso das Forças Armadas em manifestações operárias e nas favelas do Rio de Janeiro. Em São Paulo, nos últimos tempos, a população paulistana tem convivido não só com a rotineira presença policial em situações de repressão às manifestações sociais e nas violentas operações nos bairros pobres da cidade, como também tem enfrentado a orientação do prefeito de nomear policiais militares para a própria administração municipal.

Somente nas subprefeituras, 55 policiais militares ocupam posições no alto escalão administrativo; dos 31 subprefeitos, 25 são oficiais da reserva da PM, de modo que mais de 80% das subprefeituras estão sob comando direto da Polícia Militar. Além das subprefeituras, há comando policial militar na Secretaria de Transportes, na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), no serviço funerário, no serviço ambulatorial municipal, na Defesa Civil e na Secretaria de Segurança, funções antes ocupadas por funcionários civis.

sábado, 23 de julho de 2011

40 anos sem Merlino

Neste mês de julho, em que se completam 40 anos do assassinato do jornalista e militante Luiz Eduardo Merlino, ocorrido no DOI-Codi de São Paulo, o Coletivo Merlino organizará, no âmbito do projeto Sábados Resistentes, do Memorial da Resistência de São Paulo, uma homenagem ao então jovem Luiz Eduardo, assassinado aos 23 anos, lembrando a sua trajetória de vida e opção política. Merlino era militante do Partido Operário Comunista (POC) e, pouco antes de morrer, havia integrado a Quarta Internacional. Como jornalista, trabalhou nas publicações Jornal da Tarde, Folha da Tarde, Jornal do Bairro e Amanhã.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Testemunhas de ação contra torturador do Doi-Codi serão ouvidas no final de julho

Audiência do processo movido pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino contra coronel Brilhante Ustra ocorrerá dia 27 de julho

O Tribunal de Justiça de São Paulo ouvirá, em julho, as testemunhas que presenciaram a tortura e morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, em audiência da ação movida por sua família contra o coronel reformado do Exército Brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra – como o ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humano Paulo de Tarso Vanucchi. Do outro lado, entre as testemunhas arroladas por Ustra está o senador e ex-presidente José Sarney. A audiência ocorrerá dia 27 de julho, às 14h30, no Fórum João Mendes, centro da capital paulista.

Merlino foi torturado e assassinado em São Paulo, em julho de 1971, nas dependências do Doi-Codi, centro de tortura comandado por Ustra entre outubro de 1969 e dezembro de 1973. A audiência acontece no mês em que se completam 40 anos do assassinato do jornalista.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Boal deixa o Brasil: sem apoio do governo ou da iniciativa privada, viúva do dramaturgo leva o acervo para os EUA

A argentina Cecília Boal está decidida: até o fim do ano, parte do acervo de seu marido, o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta carioca Augusto Boal, que fundou o Teatro do Oprimido, foi eleito embaixador mundial da Unesco e morreu de leucemia em maio de 2009, migra para os Estados Unidos, sob a tutela da New York University (NYU). Segundo a psicanalista, que foi casada por 40 anos com o diretor que uniu teatro e ação social, trata-se da única saída possível ante a deterioração do material.

sábado, 16 de julho de 2011

As memórias de Gregório Bezerra

Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da adovogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arrais) Eduardo Campos, entre muitos outros.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada

por Eliane Brum

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Até quando vão esconder a ditadura?

Comissão tentará detalhar fatos do período ditatorial no Brasil

por Eduardo Sales de Lima

“Não quero que meus netos achem que o meu pai foi o equivalente ao [Osama] Bin Laden. Honrar a luta dele é fazer com que a verdade sobre o modo como ele foi morto seja restaurada”. A dona dessa preocupação é a professora de psicologia da USP, Vera Silvia Facciola Paiva, filha do escritor Rubens Paiva, desaparecido e morto na ditadura civil-militar brasileira.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Comissão da Verdade: estratégia oficial divide deputados e parentes

por André Barrocal

A estratégia do governo de tentar aprovar a Comissão da Verdade no plenário da Câmara às pressas, para contornar a resistência de adversários, divide opiniões de deputados da Comissão de Direitos Humanos. E desagrada parentes de mortos e desaparecidos na ditadura militar, que não enxergam oportunidade de pressionar para que o projeto mude e permita punir torturadores e assassinos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O espetáculo da destruição não televisionada do mundo

por Luis Eustáquio Soares

Quando Hannah Arendt escreveu que o mal não se limita apenas a um regime político de exceção e nem muito menos se reduz a perfis humanos isolados, como Adolf Hitler, seu argumento era e é uma denúncia de que o mal é e está na banalidade vivida, experimentada e alimentada normalmente no dia-a-dia de nossas instituições. O mal é a normalidade ou, por outro lado, o modo como produzimos o considerado normal na esfera econômica, nas relações sociais diversas, inclusive nas amorosas, na família, na divisão social do trabalho, dos saberes, dos víveres viveres.

domingo, 3 de julho de 2011

ilha das flores



Ilha das flores, de Jorge Furtado (1989), retrata a sociedade atual, tendo como enfoque seus problemas de ordem sociais, econômicas e culturais, na medida em que contrasta a força do apelo consumista, os desvios culturais retratados no desperdício, e o preço da liberdade do homem, enquanto um ser individual e responsável pela própria sobrevivência. Através da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais (lixo), o autor aborda toda a questão da evolução social de indivíduo, em todos os sentidos. Torna evidente ainda todos os excessos decorrentes do poder exercido pelo dinheiro, numa sociedade onde a relação opressão e oprimido é alimentada pela falsa idéia de liberdade de uns, em contraposição à sobrevivência monitorada de outros.