terça-feira, 28 de junho de 2011

A insustentável leveza da web

por Carlos Eduardo Lins da Silva

Em
A Insustentável Leveza do Ser – romance de Milan Kundera publicado em 1984, depois levado ao cinema –, Tereza é uma repórter fotográfica que de maneira corajosa e quase compulsiva registra cenas da invasão de seu país, a então Tchecoslováquia, pela União Soviética, em 1968.

Suas fotos (como, na realidade, as dos verdadeiros fotógrafos presentes aos acontecimentos) serviram às forças da repressão para identificar e punir manifestantes que haviam se contraposto aos soldados invasores.

No filme, Tereza (vivida pela lindíssima e excelente atriz Juliette Binoche) vê, perplexa, o seu trabalho utilizado pelos agentes da polícia política para acusar oposicionistas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta

do blog de Emir Sader

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Memória brasileira: sigilo ou vergonha?

fragmentos do artigo de Frei Betto

Há 141 anos terminou a Guerra do Paraguai. Durou de 1864 a 1870. Ao longo de seis anos, Brasil, Argentina e Uruguai, instigados pela Inglaterra, combateram os paraguaios. O pretexto era derrubar o ditador Solano López e impedir que o Paraguai, país independente e sem miséria, abrisse uma saída para o mar.

O Brasil enviou 150 mil homens para o campo de batalha. Desses, tombaram 50 mil. Do lado paraguaio foram mortos 300 mil, 20% da população do país. E o Brasil abocanhou 40% do território da nação vizinha.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Projeto resgata memória de combatentes da ditadura

O Instituto Vladimir Herzog lança na próxima segunda-feira (27), a partir das 19h30, o projeto “Resistir é preciso...”, que resgata a memória de jornalistas, artistas e militantes que resistiram à ditadura civil-militar (1964-1984) por meio da imprensa alternativa, clandestina e no exílio. A iniciativa também prevê o lançamento da coleção “Protagonistas dessa História”, que contém 12 DVDs com depoimentos de 60 ativistas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A luta secreta de D. Paulo Evaristo Arns

Documentos inéditos revelam como o cardeal combateu a ditadura militar

por Jamil Chade

No auge da violência promovida pelo governo militar, parte da Igreja e centenas de líderes religiosos no Brasil passaram a ser alvo da repressão. Documentos guardados há décadas em Genebra obtidos pelo Estado revelam como o cardeal D. Paulo Evaristo Arns liderou um lobby internacional, coletou fundos de forma sigilosa e manteve encontros com líderes no exterior para alertar sobre as violações aos direitos humanos no Brasil.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Protestos do 15-M são "recriados" pela grande mídia

Policiais à paisana, vestidos como se fossem manifestantes, realizaram atos provocadores em Barcelona "incitando" a ação violenta de policiais fardados que, logo depois, esforçaram-se para defender os autores do suposto tumulto. Vídeo gravado pelos manifestantes mostra ação dos policiais infiltrados.No entanto, logo em seguida, o que se via no noticiário da televisão espanhola, TV3, era que os “indignados” haviam perdido a simpatia popular conquistada até o momento, depois de terem empregado violência nas manifestações em torno do parlamento. Graves atentados à liberdade de expressão estão ocorrendo na Espanha.

por Fabíola Munhoz (direto de Barcelona, especial para Carta Maior)

Vídeo expõe manipulação:




quarta-feira, 15 de junho de 2011

Filhos da indigna Dita

por Iná Camargo Costa

Não pode ser mera coincidência a estréia de uma peça que apresenta os coturnos da ditadura como adereço de cena permanente e o empenho dos remanescentes da supra dita em Brasília para manter em “sigilo eterno” documentos que explicam aspectos sombrios da história do Brasil. Não se trata de reincidência, mas de coerência: assim como eles ajudaram a eliminar os adversários, inclusive fisicamente, agora concorrem para impedir o aparecimento da verdade sobre os inúmeros crimes de lesa humanidade cometidos pelo Estado imperial brasileiro (e depois pela República) contra as repúblicas vizinhas.

A peça Os filhos da Dita, em rigorosa estrutura épica, expõe aspectos tenebrosos de nossa história recente – a começar pelo golpe de Estado civil-militar de abril de 1964 – com direito a homenagens explícitas a nossos heróis da resistência caídos em combate, como Carlos Marighela.

Do material encontrado pela pesquisa no plano da resistência cultural, os criadores deste trabalho adotaram a música de João Bosco e Aldir Blanc – O bêbado e a equilibrista na sonoplastia e Transversal do tempo na cena – para lhes dar régua e compasso nesta verdadeira operação-resgate da nossa memória: dos feitos truculentos para assegurar a continuidade de nossa condição de quintal do imperialismo à luta contra aquela violência, pelo fim daqueles tempos tenebrosos. Que, entretanto, como indicam os coturnos e a “operação sigilo eterno”, persistem em larga escala.

Como alegoria central, a peça apresenta uma original e muito bem elaborada versão local da mãe Coragem: a nossa Dita, que não hesitou em matar seus filhos, só lamenta que os MORTOS (do passado e do futuro: estes não perdem por esperar) não tenham entendido sua lição de AMOR, empenhada a ponto de usar todas as armas disponíveis, inclusive a tortura, para demonstrá-la.

O espetáculo é teatro com T maiúsculo principalmente porque é LIÇÃO DE HISTÓRIA em linguagem cênica dialética.

Iná Camargo Costa é dramaturgista do grupo Ocamorana

terça-feira, 14 de junho de 2011

14 de junho, hoje Che Guevara faria 83 anos

Textos do diário de Che Guevara sobre revolução cubana reunidos em livro

O Centro de Estudos Che Guevara apresentou em Cuba o "Diario de un combatiente", que reúne testemunhos do ícone revolucionário Ernesto "Che" Guevara, durante a revolução de Sierra Maestra que levou ao poder Fidel Castro em 1959.

A publicação destas cartas em livro acontece no dia em que Che Guevara completaria 83 anos, hoje, 14 de Junho.

Documentos da ditadura voltam ao Brasil. E a Comissão da Verdade, sai?

por Rodrigo Vianna e Juliana Sada

Documentos relativos à ditadura militar serão entregues hoje às autoridades brasileiras, em um ato que marca a repatriação desses documentos ao país e expressa o desejo de instalação da Comissão da Verdade e de que se cumpra a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos e se investigue os crimes da ditadura.

Os documentos que chegam ao Brasil estavam em Chicago e Genebra e fizeram parte do projeto Brasil: Nunca Mais, que revelou o que ocorria nos porões da ditadura, causando forte impacto na sociedade. Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, explica que esse levantamento foi possível por meio de fotocopias feitas dos processos que estavam no Superior Tribunal Militar: “envolvendo uma equipe de mais de 30 pessoas, levantou-se clandestinamente entre 1979 e 1985 as denúncias feitas em juízo por 1843 pessoas e dentre estas denúncias, consolidou-se uma lista de 444 agentes do estado envolvidos em crimes de lesa-humanidade durante o período”.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Geração AI-5 ou Geração Desarticulada

por Antônio Tadachi

Objetivo
Analisar e refletir sobre a geração lendo ou vendo, a luz dos conceitos de emissão/recepção na formação, consciência/ideologia, com perspectiva de combate/luta/confronto, discurso/debate/comunicação e conservação/libertação.

terça-feira, 7 de junho de 2011

domingo, 5 de junho de 2011

Contra a Democradura

A maior vitória das elites civis e militares que comandavam a ditadura foi ter feito os trabalhadores, no início dos anos 1980, acreditarem que a tinham derrotado.

por Danilo Dara

Passados cerca de 30 anos, hoje podemos afirmar sem medo de errar: a maior vitória obtida pela última ditadura no Brasil foi a maneira como ela impôs a “redemocratização” do país. De forma similar ao que já tinha ocorrido por aqui durante a (falsa) Abolição em 1888, quando as elites escravocratas se anteciparam às pressões abolicionistas e assinaram a abolição formal que era mais conveniente para elas – sem qualquer reparação real aos negros escravizados, a maior vitória das elites civis e militares que comandavam a ditadura no início dos anos 1980 foi ter feito os trabalhadores acreditarem que a tinham derrotado [1]. Como sempre, diante da possibilidade de qualquer perda de controle, as elites brasileiras se não podem recorrer ao massacre, optam pela assimilação e falsificação dos anseios das classes populares.

Quais são as vidas que valem mais?

Bin Laden provocou a morte de cerca de duas mil e seiscentas pessoas nos EUA, audácia que foi punida com seu assassinato. O sérvio Radko Mladic ordenou a morte de oito mil europeus brancos e será julgado no Tribunal Penal Internacional. Bernard Munyagishari, um dos líderes do genocídio de Ruanda (foto), levou a cabo a execução de 800 mil negros africanos, numa das mais tristes tragédias do século XX. De sua captura nem se ouviu falar. Atentados no solo da potência hegemônica, genocídio de brancos na Europa e genocídio de negros na África são crimes muito diferentes? Quais são as vidas que valem mais?

por Larissa Ramina

sábado, 4 de junho de 2011

Elogio ao ditador Franco causa indignação na Espanha

No dicionário financiado pelo governo se diz que o ditador foi “inteligente e não totalitário”

por Armando G. Tejeda (La Jornada)

Para a Real Academia de História (RAH) espanhola, a Guerra Civil foi uma “cruzada” e uma “guerra de libertação”; Francisco Franco foi um “líder inteligente e moderado”, além de “valoroso e católico”, que “montou um regime autoritário, mas não totalitário”; o governo republicano de Juan Negrín foi “praticamente ditatorial” e o comunista Santiago Carrillo aplicou uma política “de terror revolucionário”.

São as supostas “verdades históricas” que estão incluídas no Dicionário biográfico espanhol, uma obra pensada para ser de consulta, com mais de 43 mil biografias e que custou aos cofres públicos cerca de 5,8 milhões de euros. Seu conteúdo provocou a indignação de historiadores, políticos, descendentes do exílio e das vítimas da repressão franquista.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Justiça nega indenização a ex-agente do Dops envolvido na Operação Condor

por Daniella Cambaúva

Vinte e seis anos após o fim da ditadura militar no Brasil (1964-1985), centenas de vítimas da repressão recorreram à justiça para processar ex-agentes do regime ou para apenas saber onde estão os restos de desaparecidos. O gaúcho João Augusto da Rosa, inspetor aposentado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), decidiu percorrer o caminho contrário e moveu um processo contra um jornalista, testemunha ocular de um crime cometido por ele e colegas 33 anos atrás.